sábado, 15 de agosto de 2009

Soneto de Piedade

Olhar fixo, dentes que mordem os lábios com leveza.
Coluna ereta, coxas juntas, joelhos dobrados;
Pés que tocam o chão frio, arrepiando o resto do corpo;
Mãos imóveis, pousadas sobre as pernas grossas.

Ouve-se a maré ritmada da respiração em alto e bom som.
Impulsos, pulsos, batimentos cardíacos, tambores incansáveis.
Delírios de tristeza, verdades inconvenientes, pensamentos que voam,
Agitam o ambiente morto, dançam como loucos preocupados.

Ao fundo, o “Blues da Piedade” toca baixo, e se encaixa bem ao momento,
As batidas da musica que marcam o ritmo do pensamento ou da falta dele.
Tudo e nada ao mesmo tempo, dentro de um só suspiro.

A música acaba e tudo parece tão normal e simples.
Todo esse mundo inútil e maltrapilho, tão egoísta e mesquinho.
O silêncio grita alto: “Senhor piedade!”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário